
Você já se perguntou como as equipes de emergência agem nos momentos críticos, quando cada segundo pode salvar uma vida? A resposta está na Avaliação Primária, o primeiro contato que a equipe de enfermagem tem com o paciente em situações de agravo clínico – aquelas em que não há trauma direto, como acidentes ou quedas. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente o protocolo ABCDE do SAMU 192, uma abordagem estratégica que garante a identificação rápida das condições que representam risco iminente à vida.
Através de uma sequência lógica e priorizada, o protocolo ABCDE permite que a equipe estabilize o paciente antes de avançar para a avaliação secundária. Vamos entender cada etapa:
1. Avaliação Inicial e Responsividade
Ao chegar à cena, a equipe deve primeiro garantir a segurança do local. Em seguida, é fundamental avaliar a responsividade do paciente por meio de estímulos táteis (toque nos ombros) e verbais. Se o paciente responder, há indícios de via aérea pérvia. Caso contrário, é preciso verificar a presença de movimentos respiratórios e, se necessário, proceder à checagem do pulso carotídeo:
- Pulso ausente: Iniciar a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) conforme protocolo AC-5.
- Pulso presente: Garantir a via aérea e iniciar suporte ventilatório seguindo o protocolo AC-4.
2. Avaliação da Via Aérea (A – Airway)
A garantia da permeabilidade da via aérea é crucial:
- Manobras manuais: Elevação do queixo (chin-lift) e tração da mandíbula (jaw-thrust) em casos de suspeita de trauma cervical.
- Remoção de obstruções: Aspiração de secreções e retirada de corpos estranhos.
- Uso de dispositivos:
- Cânula orofaríngea para pacientes inconscientes sem reflexo de vômito.
- Cânula nasofaríngea para pacientes com reflexo de vômito.
- Intubação orotraqueal (IOT) em situações de comprometimento severo.
3. Avaliação da Ventilação (B – Breathing)
A respiração deve ser avaliada considerando:
- Frequência respiratória: Normal entre 12-20 irpm.
- Padrão respiratório: Verificação de bradipneia, taquipneia, apneia ou respiração agônica.
- Movimentos torácicos: Observação da simetria dos movimentos.
- Ausculta pulmonar: Identificação de murmúrios vesiculares, roncos ou estridores.
- Sinais de hipóxia: Cianose, gasping e tiragem intercostal.
Se necessário, providenciar suporte ventilatório com o uso de máscara com reservatório, BVM ou, em casos mais graves, dispositivos supraglóticos ou intubação.
4. Avaliação da Circulação (C – Circulation)
Utilizando o mnemônico H3P, a avaliação da circulação envolve:
- Hemorragia: Identificação de sangramentos externos e sinais de choque hemorrágico.
- Pulso: Verificação da frequência (60-100 bpm), ritmo, amplitude e simetria.
- Perfusão: Análise do tempo de enchimento capilar (<2 segundos) e pressão arterial.
- Pele: Observação da coloração, temperatura e sudorese.
Em casos de instabilidade hemodinâmica, deve-se estabelecer acesso venoso e iniciar reposição volêmica (SF 0,9% ou Ringer Lactato) e, se necessário, utilizar drogas vasoativas.
5. Avaliação Neurológica (D – Disability)
A avaliação do estado neurológico inclui:
- Escala de Coma de Glasgow (ECG).
- Reatividade pupilar: Observação de midríase, miose ou anisocoria.
- Avaliação de movimentos espontâneos e déficit motor.
Alterações neurológicas podem sinalizar condições como AVC, hipoglicemia, intoxicações ou aumento da pressão intracraniana.
6. Exposição e Controle do Ambiente (E – Exposure)
Por fim, a etapa de exposição envolve:
- Remoção cuidadosa das roupas para identificar lesões ocultas.
- Prevenção de hipotermia com o uso de cobertores térmicos.
- Inspeção minuciosa para detectar sinais de trauma associado.
Conclusão
A aplicação do protocolo ABCDE é vital para um atendimento rápido e eficaz em situações de agravo clínico. Através dessa abordagem, a equipe de enfermagem pode identificar e tratar rapidamente as condições que representam risco iminente à vida, garantindo a estabilização do paciente e possibilitando um encaminhamento seguro para a avaliação secundária.
Chamada para Ação
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